Como narrativas fortes conduzem a grandes designs

Esquerda: templo contemporâneo. Direita: salão escolar moderno.

Para compreender o quanto as narrativas de design arquitectónico podem influenciar o design final, vamos olhar para um local de culto e para um salão da escola.  Embora o objectivo principal de ambos os edifícios seja acolher uma congregação de pessoas para actividades comunitárias, o local de culto é muitas vezes muito mais grandioso e mais elaborado na sua execução.

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​Sem dúvida, uma razão determinante para isto é a diferença na narrativa de design. Mesmo para um não crente, um edifício "dedicado à glória de Deus" conduziria a uma cadeia completamente diferente de acontecimentos decisórios ao longo do ciclo de vida do projecto. 

Não importa quão pequeno ou grande seja o seu projecto, a noção de uma narrativa de design forte ligada ao projecto é uma forma incrivelmente poderosa para um arquitecto influenciar o projecto desde a sua concepção até à sua construção. Mais importante ainda, se o arquitecto não elaborar uma narrativa de design, esse vazio será normalmente preenchido por outra coisa que pode levar a resultados menos optimizados. 

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Porque é importante uma boa narrativa

Boas narrativas de design combinam uma compreensão dos requisitos e necessidades do cliente com os constrangimentos e oportunidades únicas do local. Estas considerações proporcionam então uma narrativa simples que pode ser utilizada para testar decisões ao longo de todo o projecto, mesmo que o projectista já não esteja envolvido. Esta narrativa conta a história do projecto, a razão motriz para além das necessidades funcionais básicas.

Exemplos de narrativas de design incluem "Ligação com o exterior", "Existência harmoniosa com o ambiente local", ou "Um farol comunitário que mostra o caminho". As narrativas de design que tendem a surgir sem liderança de design podem incluir, "Soluções experimentadas e testadas", "Fazer o mínimo necessário", ou "Manter os custos baixos".

​Embora os últimos três sejam possivelmente objectivos razoáveis para alguns projectos, não são narrativas de design. É fácil imaginar como poderiam conduzir a resultados que o cliente não queria.

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Ingredientes de uma narrativa de design bem sucedida

​As narrativas de design mais fortes combinam uma compreensão clara de todos os atributos seguintes:

• As esperanças e sonhos do proprietário para o projecto. Compreender porque é que eles estão a adquirir o edifício.
• As necessidades dos eventuais utilizadores do edifício, que muitas vezes não são os proprietários. 
• As limitações apresentadas pelo local, quer se trate de precedentes arquitectónicos ou de considerações geográficas e urbanas.
• O clima local e os padrões climáticos.

​O famoso arquitecto Glenn Murcutt é reconhecido pelas suas práticas em torno das narrativas de design, pois acampava frequentemente num local durante semanas para compreender melhor as necessidades dos seus projectos. As narrativas de design bem sucedidas resultantes revelavam a sua verdadeira compreensão das necessidades de um projecto.

Casa Simpson-Lee de Glenn Murcutt, Wahroonga, 1962. Imagem cortesia de Dezeen

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Embora muitas fossem casas, e os proprietários fossem os ocupantes, Murcutt utilizou a sua pesquisa como uma ferramenta para trazer maturidade às necessidades dos proprietários. Construir e enraizar os seus pedidos dentro do contexto do sítio certamente facilitou a aceitação do proprietário das suas propostas. 

​Infelizmente (ou felizmente) para muitos arquitectos, acampar no local durante uma semana não é uma opção. A arte de pesquisar o clima e as condições meteorológicas locais é uma área de pesquisa de pré-projecto que é muitas vezes mal feita, se é que é de todo feita. Esta omissão pode levar a narrativas de design mais fracas e menos eficazes.

Como incorporar a pesquisa climática numa narrativa de design

A maioria dos arquitectos sabe que considerar as condições meteorológicas locais e o clima é importante. No entanto, se, como muitos, está simplesmente a colocar o vento num relatório de concepção, então está a perder o "e daí" que torna a investigação climática convincente. Torna os sonhos do proprietário mais realistas e mais focados.

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Comece com as necessidades de design orientadas para o cliente.

​As necessidades de concepção do cliente muitas vezes não são suficientemente específicas para formar uma narrativa robusta, mas em combinação com a investigação climática, são o melhor ponto de partida para o desenvolvimento de um conceito. A tabela abaixo dá exemplos de como a investigação climática pode moldar os pedidos do cliente em narrativas de design úteis.

Cliente	Observação da pesquisa climática	Narrativa Potencial	Transformação
Não quero pagar contas de energia elevadas	Tempo frio frequente significa que o aquecimento utilizará energia	"Edifício é um refúgio do frio" "Edifício é um cobertor/isolante" "Edifício retém o calor"	Vai de energia gasta a orientações que todos compreendem e recordam
Gostamos de passar muito tempo no exterior	Tempo quente e solarengo significa que os ocupantes estarão desconfortáveis ao sol	"O interior estende-se para o exterior de forma a captar a briza e proteger do sol"	Justifica a localização do espaço exterior e tratamentos adicionais
Não gostamos de espaços sombrios	Sol quente, especialmente a sul e oeste	"Luz solar suave ilumina todos os espaços"	Utiliza termos como "suave" para ajudar a desenhar soluções que difundam a luz e evitem aquecimento excessivo

​O objectivo da narrativa é combinar os dados e o desejos do cliente num tema memorável que informe o design. 

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O que fazer e não fazer na pesquisa climática

​Se puder dedicar apenas um pequeno período de tempo à investigação climática, deve concentrar-se em coisas que possa utilizar para informar verdadeiramente o seu projecto e discuti-las numa conversa com o seu cliente. Evite ser excessivamente técnico ou apresentar diagramas e informações que não possam ser facilmente consumidas ou recordadas. Algumas indicações simples abaixo:

Fazer:

• Comece por se alinhar com o seu cliente sobre o clima em que está a projectar. Responda a perguntas como, "Como são as estações do ano?", "Quando é mais quente?", "Quando é mais frio?", "Quão ensolarado e ventoso tende a ser?" Comece pequeno e em áreas onde possa concordar. 
• Tire algum tempo para pensar primeiro nas exigências do seu cliente e depois avaliar a informação climática através dessa lente. 
• Utilize os dados climáticos para explicar as soluções ou abordagens de concepção recomendadas. Por exemplo, o cliente quer um salão que se abra num jardim exuberante, mas o clima é quente sem ventos fortes durante a maior parte do ano. Isso pode significar a introdução de uma pérgola com ventoinhas de tecto para cumprir o briefing.

Não Fazer:

• Entrar numa discussão sobre como é o clima com o seu cliente. Se eles tiverem evidências de como é o clima naquele local, incorpore isso nas suas conclusões.
• Apresentar gráficos e quadros de difícil interpretação para não-profissionais, especialmente sem implicações associadas ao projecto.
• Esquecer de associar as suas conclusões climáticas à sua narrativa de design.

​Tal como tudo no design, incorporar a investigação climática na sua narrativa de design leva à prática. Comece com pouco, ouça o seu cliente, fale sobre o tempo, e veja onde a viagem o leva!

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