DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Projetar no Feminino

O impacto das Mulheres na Arquitectura, Engenharia, Construção e Design de Interiores em Portugal

O setor AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção) tem vindo a transformar-se ao longo dos anos, com um aumento significativo da participação feminina. Embora ainda persistam desafios, é inegável a importância das mulheres nestas áreas, bem como no design de interiores, que desempenha um papel essencial na construção e remodelação de espaços. 

Mulheres na Arquitectura

A arquitectura tem assistido a uma crescente presença feminina, sendo que, atualmente, cerca de metade dos arquitectos registados na Ordem dos Arquitectos são mulheres.
No entanto, esta representação numérica, superior à média europeia, nem sempre se reflete em vários domínios de visibilidade e poder:
  • Existe uma invisibilidade do papel das mulheres arquitectas em termos de poder e prestígio dentro da profissão;
  • As mulheres continuam a estar muito ausentes em termos de reconhecimento e visibilidade;
  • As mulheres também não estão muito representadas em funções de preparação de obras;
  • Nos cargos de liderança e nos grandes gabinetes de arquitetura, os homens ainda dominam.
Fotografia
Fonte: Relatórios do Conseil des Architectes d’Europe (CAE) & Observatório da Profissão da OA - Gestor de Membros, 2012-2022.
Historicamente, e de acordo com P. Monteiro, as primeiras arquitectas em Portugal diplomaram-se apenas em meados do século XX. Os percursos destas arquitetas pioneiras, que quebraram preconceitos, continuam ainda um pouco afastados do protagonismo autoral e esta lacuna no conhecimento da disciplina e da profissão pode ter implicações significativas, especialmente à luz das novas preocupações da área.
Hoje em dia, existe uma crescente consciencialização sobre a necessidade de considerar as diversidades e as questões específicas que afetam a vida das mulheres no planeamento urbano. Para abordar estas questões de representatividade e visibilidade, nasceu a associação "Mulheres na Arquitectura".
​A contribuição das mulheres na arquitectura tem sido essencial na introdução de novas abordagens ao design e sustentabilidade, promovendo uma visão mais inclusiva e socialmente responsável na criação de espaços urbanos.

Mulheres na Engenharia Civil
Na engenharia civil, a participação feminina tem vindo a aumentar, mas ainda representa uma percentagem reduzida do total de profissionais.

A primeira mulher a formar-se em engenharia civil em Portugal foi Elisa Augusta da Conceição Andrade, em 1894. No entanto, não chegou a exercer devido à sua saúde frágil.

Segundo a Ordem dos Engenheiros, a engenharia civil é a especialidade mais escolhida pelas engenheiras, seguida das engenharias eletrotécnica, ambiental e mecânica. ​
​​As mulheres na engenharia civil destacam-se em funções como:
  • Direção de obra
  • ​Higiene e segurança no trabalho
  • Fiscalização
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No entanto, as mulheres continuam sub-representadas nos cargos de liderança e gestão de obra. A sua presença tem sido crucial na introdução de metodologias inovadoras, na digitalização do setor e na procura por soluções mais sustentáveis.
A Ordem dos Engenheiros declarou 2024 o "Ano OE para a Igualdade de Género na Engenharia", de forma a "impulsionar uma maior participação mais equilibrada nas áreas de conhecimento ligadas às Engenharias" e "promover práticas que assegurem a igualdade de género".

Mulheres na Construção

O setor da construção é, tradicionalmente, um dos mais dominados por homens. Em Portugal, as mulheres representam apenas cerca de 7,2% da força de trabalho na construção civil. Em 2021, as mulheres ocupavam 15,5% dos postos de trabalho qualificado na indústria, construção e artífices, que incluem as engenharias

Apesar deste número reduzido, a sua presença tem crescido, especialmente em funções de direção de obra, fiscalização e segurança no trabalho.

​O contributo das mulheres para este setor vai além do trabalho de campo, estando também presentes em atividades de gestão e inovação tecnológica.

Mulheres no Design de Interiores

Embora não haja dados numéricos concretos nos resultados apresentados, é evidente que as mulheres desempenham um papel significativo no design de interiores em Portugal, tanto em termos de prática profissional quanto na liderança criativa.

Em Portugal, muitas designers de interiores têm conquistado reconhecimento pelo seu trabalho inovador, influenciando diretamente a forma como os espaços são concebidos e utilizados.

​A sua contribuição tem sido essencial para a criação de ambientes funcionais, sustentáveis e esteticamente agradáveis, promovendo soluções centradas no bem-estar e na experiência do utilizador.

Conclusão

As mulheres desempenham um papel cada vez mais relevante no setor AEC, contribuindo para a inovação, sustentabilidade e inclusão nas áreas da arquitetura, engenharia civil, construção e design de interiores. No entanto, ainda persistem desafios, como a desigualdade de oportunidades, a representação reduzida em cargos de liderança e a necessidade de maior reconhecimento profissional.
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Promover a equidade de género nestes setores é fundamental para garantir um futuro mais diverso, justo e inovador. Através de iniciativas de incentivo à formação e liderança feminina, Portugal pode continuar a fortalecer a presença das mulheres no setor AEC e a valorizar o seu impacto na transformação dos espaços e das cidades.